Capítulo I
Abriu os olhos. Tornou a
fechá-los. Estava tudo muito claro à sua volta. Os olhos ardiam. A cabeça doía
e seu peito queimava como se estivesse com uma estaca de ferro quente
adentrando e marcando seu coração. Não se lembrava de onde estava, a enxaqueca
não o deixava pensar. Flashes passavam por sua mente, recortes de imagens sem
sentido e ele não tinha certeza se eram reais ou se sonhara com todas elas. E
quando tentou erguer a cabeça novamente, tudo se apagou.
•••
Escuridão. Depois... Luz! Escuridão
novamente. A cabeça ainda doía um pouco, mas ao menos agora conseguia manter os
olhos abertos. Podia ouvir alguns sons. Algo mais como um farfalhar de folhas,
um riacho por perto, canto de pássaros e uma música confusa ao longe. Onde
estava? O que acontecera? Não se lembrava de absolutamente nada. Olhou pra si
mesmo. Suas roupas estavam sujas e rasgadas, suas mãos sangravam e
possivelmente todo o rosto também, pois sentia um ardor misturado a um latejar
irritante por toda face. Flashes iam e vinham à mente, e ele tentava
assimilá-los inutilmente, parecia mais como um incrível sonho retirado de um
conto totalmente ilusório. Ah sim! Agora se lembrava ao menos do próprio nome.
Chamava-se Louis Hendrick. Seus pais eram Matilde e Arnold Hendrick. Tinha uma
irmã também, Sophie. A gentil Sophie a quem todos do reino chamavam de Raios do
Luar, devido à sua extrema palidez e incrível beleza. Louis também era um jovem
bonito e elegante, seus longos cabelos negros contrastavam com sua pele clara
(não tanto quanto a de sua irmã), e caiam em belos cachos sobre os ombros
largos e fortes. Era um rapaz bonito e desejado. Mas nenhuma das moças de seu
reino lhe interessava. Ele sentia como se sua alma não pudesse ser completa por
alguém dali. Almejava uma dama inteligente, bela, sonhadora e tão aventureira
quanto ele, não se importava com dotes ou algo assim, apenas queria ter alguém
com quem pudesse dividir os sonhos e os pensamentos mais loucos que trazia
guardados na mente.
Levantou-se com dificuldade. Seus
pais deveriam estar preocupados, pensou. Olhou ao redor para tentar identificar
o local onde estava. Era algo parecido com uma enorme clareira de árvores
mortas e retorcidas. O aspecto sombrio daquele lugar lhe dava arrepios ao mesmo
tempo em que lhe instigava a curiosidade de descobrir onde estava.
- Há alguém aí? – gritou, na
esperança de ser ouvido.
E então a música que soava ao
longe mudou para uma melodia melancólica, como se fosse a própria Morte a lhe
chamar para um reino de dor e angústia. Como não havia alternativa, seguiu o
som tristonho, mas parecia que, quanto mais andava, mais a música se afastava e
maior era a curiosidade de saber o porquê daquilo tudo. Seu corpo doía, sentia
fome e sede, contudo a vontade de voltar para casa superava suas moléstias.
•••
O Sol caia por detrás de densas e
altas montanhas, quando Louis chegou a um enorme lago cristalino, onde havia
também, árvores frutíferas. A cada hora que passava, o mistério se
intensificava. Parecia que a música o levara ali, como se lhe adivinhasse os
pensamentos e desejos. Pulou naquela água como se não bebesse há dias e aproveitou
para se lavar também. Ao se levantar viu o lago tornar-se escarlate e naquele
espelho sangrento pôde ver o seu reflexo. Assustou-se com o que viu. Estava com
a face lanhada profundamente, mas algo mais estranho estava acontecendo, ela
estava cicatrizando sozinha!
- Pelos deuses! Será que a
Ceifeira veio ao meu encontro e estou cá em seu reino? – falou consigo mesmo.
Ao longe a música recomeçou, e
mais uma vez o jovem se pôs a segui-la.
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•••> Um conto ainda sem título que criei... Há continuação, mas não pretendo publicá-la ainda. Por enquanto me contento em prosseguir com O coração da Fênix :) Então, o que acharam? Se houver pedidos, posso publicar o segundo capítulo. Abraços, Laura Ribeiro.
Adorei Laura, estou curiosíssima para saber onde ele está e o motivo disso tudo. Estarei aqui lendo caso decida fazer um segundo capítulo. Um abraço!
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