Não é porque a Lua mingua...

Ela estava sentada em sua janela, perdida no vazio de sua própria alma... Vagueando pelo horizonte alaranjado do crepúsculo se perguntava se ele apareceria de novo.
Não importava o quanto demoraria, o importante mesmo era se viria. A Lua também ainda não aparecera, será que estava minguante? Perdeu-se em devaneios.

O céu agora, enegrecido há tempos, permanecia apenas com estrelas enfraquecidas de tristeza. A Lua não surgira toda em esplendor e beleza, e nem mesmo as estrelas estavam todas no firmamento. As lágrimas da bela jovem escorriam por sua face silenciosas, mas tão pesadas e penosas quanto a saudade. A Lua não estava no céu, tampouco seu amado recostado na majestosa árvore de frente para o jardim. Será que ele estava como a Lua? renovando-se para uma nova fase de esplendor? Não sabia. E mais uma vez, o pensamento a venceu.

Cansada da espera, a linda jovem adormeceu... Mas o que ela não sabia era que uma negra e cruel nuvem estava a cobrir o céu. A Lua estava lá, fosca, mas ainda sim majestosa como sempre, estava minguante, mas ainda sim viva... Um vento soprou e a nuvem foi entristecer outro coração, enquanto o cavalheiro surgia da densa escuridão. Não vendo a jovem na janela pensou tê-la perdido para as cinzas da noite, e triste pôs-se a refletir... Então por fim decidiu. Recolheu uma linda rosa branca, e no parapeito da janela depositou-a para a amada, e antes de partir, em um pequeno bilhete escreveu assim...

"Não é porque o céu está nublado, que as estrelas morreram"

E não é porque a Lua mingua, que nosso amor também tem de morrer...

Laura Ribeiro