Imagem: peguei no Google há muito tempo
CAPÍTULO V - Tentada por um demônio
Aquilo que dizia
no carvalho, realmente acontecera, a fenda abrira-se, a menina disse-me que ele
saíra da árvore, e que eu era a pessoa para enfrenta-lo. Mas e o meu sangue,
que pingado sobre a mais bela rosa azul se transformava num néctar... Não fazia
sentido. Esse néctar teria alguma função, mas, que função? E como eu acharia
essa rosa? Ao menos nunca vi uma rosa azul que não em desenhos animados ou
fotografias, mas levando em consideração os últimos acontecimentos, não seria
difícil acreditar que isso pudesse existir... Afinal, eu vira pássaros que
renasciam de cinzas, não é mesmo?
Voltando
ao grande carvalho no centro da floresta, não avistei nenhuma das aves. Ao
entrar na árvore, vi muito sangue e penas por todos os lados... Engraçado se
elas renascem das cinzas quando morrem por qual motivo não havia nenhuma
sobrevivente? – pensei. Ao chegar ao centro exato da árvore, vi a grande ave
caída e fraca. Corri para tentar salva-la, mas quando cheguei, ela apenas
soltou um grito e morreu. No mesmo instante suas penas caíram e viraram
espinhos. Não segurei as lágrimas que logo despertaram de meus olhos e caíram,
ao cair sobre os espinhos da mestra, eles transformaram-se em botões de rosas,
e no mesmo instante abriram-se, rosas de todas as cores, vermelhas, amarelas,
violetas, cor-de-rosa, até negras e apenas uma, a maior e mais bela, era azul.
Então não pensei duas vezes e tirei do bolso aquela pena que a grande mestra me
dera, e com o cálamo cortei meu pulso
pingando o fluido escarlate que dele escorria sobre a rosa, por incrível que
pareça ao filtrar-se pela flor, o sangue ia perdendo a viscosidade e se ia
transformando em um líquido puramente fluido e de um tom dourado, era uma
espécie de néctar! Então, peguei minha coroa arranquei com dificuldade o Rubi
colocando naquele encaixe o néctar que caia cada vez mais. Assustei-me então,
com um vulto que passou rapidamente ao meu lado. Ao olhar para trás, fiquei
intensamente apavorada, e congelei, ao ver um anjo que tinha um aspecto
assustador e um olhar sombrio... Ele tinha nos lábios cortes e seus dentes
pontiagudos faziam jorrar sangue.
Era de
se imaginar quem fora o responsável pelo massacre das aves.
Olhei
para o néctar e resolvi arriscar que era aquilo que matava aquele ser
tenebroso. Quando ia em sua direção, ele caiu morto e atrás dele surgiu um anjo
magnífico, suas asas eram negras, ele tinha um corpo esbelto e seus olhos eram
tentadores, provocantes. A verdadeira flor do pecado. Então eu caminhei em sua
direção e peguei o néctar colocando-o em sua boca, e que lábios lindos eram
aqueles! A minha vontade era de beija-los naquele exato momento, mas eu não
sabia se ele era do bem ou do mal. Não deu tempo de questionar, pois no mesmo
momento que coloquei o néctar em seus lábios, ele regurgitou tudo e ainda mais
soltou uma risada irônica e com uma voz sedutora me disse:
-
Você
acha que seu sangue pode me fazer algum mal? Eu não sou aquele que irá te
destruir e sim aquele que irá te possuir, e já possessa será fraca... Não terá
condições para lutar.
-
Eu...
Não vou deixar você fazer isso, mesmo sendo muito tentador. Eu não vou cometer
um erro tão insano! - Disse-lhe.
Ele
então saiu da grande árvore, mas não havia derrotado-o.
Extremamente
desnorteada, e já quase perdendo os sentidos, percebi que mesmo sem ver, e sem ter
percebido, ele já tinha me possuído. Não entrando em meu corpo, mas sim,
deixando-me apaixonada!
Quando
olhei no espelho eu estava com outro vestido belíssimo, um lindo traje de
baile; em minha cabeça estava uma bela coroa, que combinava com o vestido negro
e cravejado de rubis.
Ao
sair do Carvalho, percebi que não estava mais na floresta e sim num salão de
festas. E um homem, ou ser, não tinha forma exata, anunciava a todos que ali
estavam:
-
Atenção,
com vocês a princesa LILITH!
Assustada
e curiosa entrei no salão que era enorme e tinha muitos seres de aparência
grotesca. Estavam todos de vermelho. Apenas eu estava de preto com rubis em seu
detalhe – aquilo tudo já estava bizarro demais, pensei. Eu não entendia o que
estava acontecendo, então aquele anjo veio em minha direção e disse:
-
Bem
vinda minha cara futura Rainha! Tu serás minha esposa, por toda a eternidade!
Terás o mundo inteiro a teus pés! É só entregar-me teu corpo e aquela pena com
a qual feriste teu pulso.
Eu
então sabendo que algo de errado estava acontecendo, mas por outro lado tentada
a viver com aquele anjo, sabendo que era o mais puro pecado, quase estendi minha
mão quando de repente, uma pessoa gritou: Não! Não faça isso. Não entre por um
caminho do qual não terá volta!
Ao
olhar para trás vi aquela garotinha estranha, que aos prantos me dizia:
-
LILITH
não seja insana! Você deve derrota-lo e não aliar-se a ele. Ele te trairá, e
ele quer a pena, não entregue, pois ela tem seu sangue, quando cortaste teu
pulso ela tragou toda tua energia. E se entregar a ele, ele roubará teu coração
que tem o ritmo da lapidação. Você sabe! O ser que se libertou daquela árvore
não foi um anjo ou um demônio e sim teu coração, tua alma de Fênix! Agora você é
uma delas. Não deixe que ele termine de possuir-te! Não!
Ao
terminar de me dizer isso, a garota virou um brilho incandescente e sumiu. Eu
então, confusa, sai correndo daquele lugar, mas antes dei um beijo naquele
anjo. Ao chegar na escada percebi que algo de errado havia acontecido, ao olhar
para trás ele havia tornado se cinzas e todos que ali estavam, não estavam
mais. Então, no ar, com letras distorcidas, a frase completou-se:
“O
puro néctar de teu sangue apenas despertará o desejo do pecado. Não entregue tua
alma, não entregue teu sangue! Numa noite de chuva o espírito da ave de fogo será
selado em um coração tão puro quanto o mel, mas que ao apaixonar-se é capaz de
cometer as piores insanidades. Não entregue teu sangue a ele. Ele não merece
teu amor, porém este será a causa da tua derrota.”
Então
entendi... Nada daquilo o derrotaria, se não houvesse amor. Sim! Por que não?
Ele caíra por inveja, mas amava o seu Criador, não é isso que dizem os fieis?
Entretanto, não. Era loucura, aquilo tudo era loucura. Demônios não amam, só
desejam, e ele me desejava ao mesmo tempo em que queria me matar, e comigo
talvez não fosse diferente, afinal ele era um Anjo caído, um demônio, mas ainda
sim lindo como nunca vi ninguém! E claro, eu nunca fui cega. Amá-lo não seria
lá a coisa mais difícil, sempre tive o tal do “dedo podre” pra isso mesmo, só
que tudo aquilo não era um romance que se lê por aí, ele não era do tipo bom
moço que aceita um beijo e oferece flores. Ele era mais do tipo que quer o
corpo de uma mulher e em troca lhe rouba a vida. Comigo não seria diferente,
porque aquele beijo nunca mais se repetiria e amá-lo era me arriscar demais.
Deliciosamente arriscado demais.
••• Bem, enfim um novo capítulo! Ele estava precisando de alguma emoção e consegui finalmente revisá-lo para postar aqui. O próximo ainda não tem data certa, então, continuem acompanhando! Obs: para este capítulo dei um título, foi algo que me ocorreu na ora da postagem, não garanto para os próximos.
Laura Ribeiro =)
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