Ela chega sorrateira, sem pedir licença pra entrar.
Como não quer nada, já traz sua bagagem junto, ela parece vir pra ficar. Impertinente essa moça de vestido branco, trazendo em uma das mãos um punhado de lembranças doces, e na outra mais um pouco de sorrisos e olhares longos. Ela é tão característica, tem sua forma sutil de agir. Não percebemos, não a enxergamos, e quando isso acontece, ela já se encontra morando em nosso peito.
Ela tem várias facetas e várias formas de agir. Pode ser marcada pela simples falta ou pela enorme ausência. Pode ser de horas, dias, semanas, meses, anos... Uma vida inteira. Pode ficar pra sempre, pode morrer assim que nasce. Tem gente que pensa que ela pode até matar. Mas, na verdade, ela não mata não. Pelo contrário, é mais delicada do que nossas lembranças, ao mesmo tempo em que pode se tornar mais rígida que o próprio amor ou qualquer outro sentimento.
Na rosa do amor ela tem uma pétala inteira com seu nome, talvez até mais. Crave no peito o primeiro espinho quem nunca se deparou com ela já enclausurada no seio. Tem vontade de rebelar-se contra, mas depois quando ela não mais está consigo, quer chamá-la de volta só pra ter novamente o gosto de a perder.
No começo não sabemos se é ela mesmo, ou se é apenas um cutucar agudo provocado pela falta, mas então esse cutucar vira uma dorzinha contínua e mesmo assim, não dói como a perda, ou como o fim, ou como qualquer outra coisa relacionada à dor, de fato. Não. É uma dor gostosa que toma conta da gente, e nesse estado estranho em que estamos, o melhor é se martirizar mais. Porque no fim de tudo, ela morre.
O pior é só quando não tem como morrer, quando ela se torna imortal. Quando ela traz a perda pela mão.
O nome dela todos sabem, e já se tornou até banal pronunciar... Muitos acham que ela anda com a solidão, mas eu digo que a minha não. Ela anda com o gostar.
Gostar de amigo, gostar de irmão. Gostar de algum parente, ou da outra metade.
Ah sim, apresento-te a Dona Saudade.
Ela então, está abrigada em meu peito. Sussurrando todo dia aos meus ouvidos o teu nome. Joga diante de meus olhos todas as nossas lembranças e canta suavemente a tua voz tão bela. Olha-me com teus olhos e por mais incrivel que pareça, ela tem até o teu caminhar! Ah que impertinente que ela é!
Contudo, não consigo mandá-la embora. Pois, ela traz consigo pedacinhos teus. E tendo a saudade em mim, é como se o tivesse aqui também.
Ela tem minhas memórias, nossas vidas nas próprias mãos.
E as guarda tão bem, que é até mais seguro deixá-las com a saudade, do que em meu próprio coração!
Uou!
ResponderExcluirDe fato a saudade nos tem de uma forma indescritível...
Queria te dizer que amanhã, dia 25 de outubro, vou postar no blog o primeiro capítulo de uma história minha e ficaria muito feliz com a sua opinião sobre ela ^.^
;*
saudade... ah, a dona saudade, nos faz cada uma... amolece nosso coração. vem pra ficar. adorei, um dos textos mais lindos que li aqui.
ResponderExcluirhttp://terza-rima.blogspot.com/
profundo isso laura... tenho saudades como a tua saudades de amigos, saudades de irmão, saudades, saudades, saudades...tenho as minhas e retratou-a bem... visitas suas aguardo...me oinspirou para um poema sobre ela...
ResponderExcluirparabens
┼Muito lindo Laura, isso toca lá no fundo da alma e faz recordar algumas coisas para que a saudade não seje tão forte, parabens gostei┼
ResponderExcluirA saudade é mesmo fatal! Faz se nos sofredores.
ResponderExcluirhttp://terza-rima.blogspot.com/