"Minha mente está cheia e eu estou transbordando" [Ira!]
"Acho que mais me imagino do que sou, ou o que sou não cabe no que consigo ser." [Ferreira Gullar]
"Quem fala em flor não diz tudo. Quem fala em dor diz demais. O poeta se torna mudo sem as palavras reais." [Ferreira Gullar]


- Não importa se é sem sentido, não importa se é sem significado. O importante é que escrevo e assim alivio. Seja bem-vindo ao meu mundo e voe por meus versos! Dê os devidos créditos e assim terá um mundo inteiro de palavras onde viver. Esse é meu mundo e se quiser fazer parte dele é só me seguir...

30 de julho de 2012

O Coração da Fênix - Capítulo V

No último capítulo do conto, Lily encontrara-se com a doce garotinha Lisy, que lhe alertara sobre o perigo, sobre o Anjo negro que estava à espreita e que tinha os mais profanos desejos............ Leia em: O Coração da Fênix - Capítulo IV



Imagem: peguei no Google há muito tempo

CAPÍTULO V - Tentada por um demônio
Aquilo que dizia no carvalho, realmente acontecera, a fenda abrira-se, a menina disse-me que ele saíra da árvore, e que eu era a pessoa para enfrenta-lo. Mas e o meu sangue, que pingado sobre a mais bela rosa azul se transformava num néctar... Não fazia sentido. Esse néctar teria alguma função, mas, que função? E como eu acharia essa rosa? Ao menos nunca vi uma rosa azul que não em desenhos animados ou fotografias, mas levando em consideração os últimos acontecimentos, não seria difícil acreditar que isso pudesse existir... Afinal, eu vira pássaros que renasciam de cinzas, não é mesmo?
Voltando ao grande carvalho no centro da floresta, não avistei nenhuma das aves. Ao entrar na árvore, vi muito sangue e penas por todos os lados... Engraçado se elas renascem das cinzas quando morrem por qual motivo não havia nenhuma sobrevivente? – pensei. Ao chegar ao centro exato da árvore, vi a grande ave caída e fraca. Corri para tentar salva-la, mas quando cheguei, ela apenas soltou um grito e morreu. No mesmo instante suas penas caíram e viraram espinhos. Não segurei as lágrimas que logo despertaram de meus olhos e caíram, ao cair sobre os espinhos da mestra, eles transformaram-se em botões de rosas, e no mesmo instante abriram-se, rosas de todas as cores, vermelhas, amarelas, violetas, cor-de-rosa, até negras e apenas uma, a maior e mais bela, era azul. Então não pensei duas vezes e tirei do bolso aquela pena que a grande mestra me dera, e com o cálamo cortei meu pulso pingando o fluido escarlate que dele escorria sobre a rosa, por incrível que pareça ao filtrar-se pela flor, o sangue ia perdendo a viscosidade e se ia transformando em um líquido puramente fluido e de um tom dourado, era uma espécie de néctar! Então, peguei minha coroa arranquei com dificuldade o Rubi colocando naquele encaixe o néctar que caia cada vez mais. Assustei-me então, com um vulto que passou rapidamente ao meu lado. Ao olhar para trás, fiquei intensamente apavorada, e congelei, ao ver um anjo que tinha um aspecto assustador e um olhar sombrio... Ele tinha nos lábios cortes e seus dentes pontiagudos faziam jorrar sangue.
Era de se imaginar quem fora o responsável pelo massacre das aves.
Olhei para o néctar e resolvi arriscar que era aquilo que matava aquele ser tenebroso. Quando ia em sua direção, ele caiu morto e atrás dele surgiu um anjo magnífico, suas asas eram negras, ele tinha um corpo esbelto e seus olhos eram tentadores, provocantes. A verdadeira flor do pecado. Então eu caminhei em sua direção e peguei o néctar colocando-o em sua boca, e que lábios lindos eram aqueles! A minha vontade era de beija-los naquele exato momento, mas eu não sabia se ele era do bem ou do mal. Não deu tempo de questionar, pois no mesmo momento que coloquei o néctar em seus lábios, ele regurgitou tudo e ainda mais soltou uma risada irônica e com uma voz sedutora me disse:
-         Você acha que seu sangue pode me fazer algum mal? Eu não sou aquele que irá te destruir e sim aquele que irá te possuir, e já possessa será fraca... Não terá condições para lutar.
-         Eu... Não vou deixar você fazer isso, mesmo sendo muito tentador. Eu não vou cometer um erro tão insano! - Disse-lhe.
Ele então saiu da grande árvore, mas não havia derrotado-o.
Extremamente desnorteada, e já quase perdendo os sentidos, percebi que mesmo sem ver, e sem ter percebido, ele já tinha me possuído. Não entrando em meu corpo, mas sim, deixando-me apaixonada!
Quando olhei no espelho eu estava com outro vestido belíssimo, um lindo traje de baile; em minha cabeça estava uma bela coroa, que combinava com o vestido negro e cravejado de rubis.
Ao sair do Carvalho, percebi que não estava mais na floresta e sim num salão de festas. E um homem, ou ser, não tinha forma exata, anunciava a todos que ali estavam:
-         Atenção, com vocês a princesa LILITH!
Assustada e curiosa entrei no salão que era enorme e tinha muitos seres de aparência grotesca. Estavam todos de vermelho. Apenas eu estava de preto com rubis em seu detalhe – aquilo tudo já estava bizarro demais, pensei. Eu não entendia o que estava acontecendo, então aquele anjo veio em minha direção e disse:
-         Bem vinda minha cara futura Rainha! Tu serás minha esposa, por toda a eternidade! Terás o mundo inteiro a teus pés! É só entregar-me teu corpo e aquela pena com a qual feriste teu pulso.
Eu então sabendo que algo de errado estava acontecendo, mas por outro lado tentada a viver com aquele anjo, sabendo que era o mais puro pecado, quase estendi minha mão quando de repente, uma pessoa gritou: Não! Não faça isso. Não entre por um caminho do qual não terá volta!
Ao olhar para trás vi aquela garotinha estranha, que aos prantos me dizia:
-         LILITH não seja insana! Você deve derrota-lo e não aliar-se a ele. Ele te trairá, e ele quer a pena, não entregue, pois ela tem seu sangue, quando cortaste teu pulso ela tragou toda tua energia. E se entregar a ele, ele roubará teu coração que tem o ritmo da lapidação. Você sabe! O ser que se libertou daquela árvore não foi um anjo ou um demônio e sim teu coração, tua alma de Fênix! Agora você é uma delas. Não deixe que ele termine de possuir-te! Não!
Ao terminar de me dizer isso, a garota virou um brilho incandescente e sumiu. Eu então, confusa, sai correndo daquele lugar, mas antes dei um beijo naquele anjo. Ao chegar na escada percebi que algo de errado havia acontecido, ao olhar para trás ele havia tornado se cinzas e todos que ali estavam, não estavam mais. Então, no ar, com letras distorcidas, a frase completou-se:
“O puro néctar de teu sangue apenas despertará o desejo do pecado. Não entregue tua alma, não entregue teu sangue! Numa noite de chuva o espírito da ave de fogo será selado em um coração tão puro quanto o mel, mas que ao apaixonar-se é capaz de cometer as piores insanidades. Não entregue teu sangue a ele. Ele não merece teu amor, porém este será a causa da tua derrota.”
Então entendi... Nada daquilo o derrotaria, se não houvesse amor. Sim! Por que não? Ele caíra por inveja, mas amava o seu Criador, não é isso que dizem os fieis? Entretanto, não. Era loucura, aquilo tudo era loucura. Demônios não amam, só desejam, e ele me desejava ao mesmo tempo em que queria me matar, e comigo talvez não fosse diferente, afinal ele era um Anjo caído, um demônio, mas ainda sim lindo como nunca vi ninguém! E claro, eu nunca fui cega. Amá-lo não seria lá a coisa mais difícil, sempre tive o tal do “dedo podre” pra isso mesmo, só que tudo aquilo não era um romance que se lê por aí, ele não era do tipo bom moço que aceita um beijo e oferece flores. Ele era mais do tipo que quer o corpo de uma mulher e em troca lhe rouba a vida. Comigo não seria diferente, porque aquele beijo nunca mais se repetiria e amá-lo era me arriscar demais. Deliciosamente arriscado demais.


••• Bem, enfim um novo capítulo! Ele estava precisando de alguma emoção e consegui finalmente revisá-lo para postar aqui. O próximo ainda não tem data certa, então, continuem acompanhando!  Obs: para este capítulo dei um título, foi algo que me ocorreu na ora da postagem, não garanto para os próximos.
Laura Ribeiro =)

2 de julho de 2012

Caio F. Abreu e umas palavras a mais


Imagem: de um Tumblr que não lembro mais
"Olha, eu estou te escrevendo só pra dizer que se você tivesse telefonado hoje eu ia dizer tanta, mas tanta coisa. Talvez mesmo conseguisse dizer tudo aquilo que escondo desde o começo, um pouco por timidez, por vergonha, por falta de oportunidade, mas principalmente porque todos me dizem que sou demais precipitado, que coloco em palavras todo o meu processo mental (processo mental: é exatamente assim que eles dizem, e eu acho engraçado) e que isso assusta as pessoas, e que é preciso disfarçar, jogar, esconder, mentir. Eu não queria que fosse assim. Eu queria que tudo fosse muito mais limpo e muito mais claro, mas eles não me deixam, você não me deixa..."
Caio F. Abreu

Porque eu não me deixo... É, eu sei, sou complicada, você é complicado, a vida é. E por mais que eu queira simplificar as coisas que acabamos dificultando, não consigo, porque simplificar dificultaria mais as coisas, dizer o que se quer nem sempre esclarece as ideias ou libera o pensamento de pesos e correntes. Talvez fizesse pesar ainda mais a consciência, quando depois do ato se pensa: "ah, poderia ter dito isto ou aquilo, suavizado tal expressão, derramado umas duas lágrimas, ou ter dito tudo entre um meio-sorriso e outro...", mas não. Não é assim tão simples, e também não é assim tão difícil. Só que, o que eu precisava dizer? Já não lembro mais.
Laura Ribeiro


••• Caio, sempre Caio. Inspirando poetas enferrujados, e fazendo as teias de aranha destes meus dedos voltarem-se para a poesia.