"Minha mente está cheia e eu estou transbordando" [Ira!]
"Acho que mais me imagino do que sou, ou o que sou não cabe no que consigo ser." [Ferreira Gullar]
"Quem fala em flor não diz tudo. Quem fala em dor diz demais. O poeta se torna mudo sem as palavras reais." [Ferreira Gullar]


- Não importa se é sem sentido, não importa se é sem significado. O importante é que escrevo e assim alivio. Seja bem-vindo ao meu mundo e voe por meus versos! Dê os devidos créditos e assim terá um mundo inteiro de palavras onde viver. Esse é meu mundo e se quiser fazer parte dele é só me seguir...

29 de dezembro de 2012

"Amor de doze horas"

Amor de doze horas, talvez seja o melhor mesmo. É que tendo prazo de validade a gente dá mais valor quando é bom, e quando não é, joga fora de vez ao invés de tentar congelar.

É o tipo de amor que se esgota no "bom dia", que também significa "foi muito bom, mas agora preciso ir, até um outro dia". Assim, com no máximo uma saideira calma de quem acabou de acordar, um convite para um café da manhã e um "vê se aparece" que, na verdade, é talvez o adeus definitivo.

E quando há novos encontros, há mais intimidade, mais palavras obscenas ao pé do ouvido, puxões de cabelo e mordidas, arranhões e chupões. Apenas. Não há cobrança, não há perguntas inconvenientes, não há desentendimentos. Começa no primeiro beijo, nas roupas jogadas no chão, nos sorrisos provocantes e termina com um abraço, um afago, quiçá um beijo no rosto. Só isso, acaba o prazo. Perece, vence, finda. Sem machucados na alma, sem gosto salgado na boca, sem gritos de raiva. Só de prazer.

Laura Ribeiro
- Após um tempo sem aparecer por aqui, voltei. Depois que as aulas acabaram tive um tempinho sobrando que acaba semana que vem quando elas voltam. E, antes de desaparecer de novo, deixo aqui um texto fresquinho. Até a volta.

18 de novembro de 2012

A minha volta, nosso amor


Ei... Tudo bem? Como vai a vida. A minha vai bem também. É, realmente tem muito tempo. Faz tempo desde nossa última conversa, não? Claro, eu entendo a sua decisão meu bem, eu era tão ingênua e sim, apaixonada, mas isso não importa tanto assim. Não, eu não te esqueci, mas é que com o tempo aprendi a canalizar tudo isso e fiquei assim, convivendo com você dentro de mim mesmo de longe. E então, como está de amores? Ah, entendo, é complicado mesmo terminar um relacionamento. É, um café seria bom. Claro que conheço, aquele barzinho que toca minhas músicas preferidas e aquelas outras que você adora dançar. Combinado, às dez estarei pronta.

E foi assim que não aconteceu, mas que acontece em minha mente a cada noite em que fico aqui, ouvindo uma música que me lembra você. Não, meu bem, não há uma música específica, mas todas que tenham um balanço bom e aquele ar de reflexão me levam até seus olhos. Sabe, desde aquele dia em que engoli o “eu te amo” enquanto ouvia teu adeus, ainda não me recuperei da minha vontade de me sentar à sua frente e olhar nos teus olhos mais uma vez, só que dessa vez eu faria diferente. Claro que se eu pudesse voltar no tempo teria feito tudo igual, mas se pudesse ter outra chance, uma chance nova, um futuro, seria diferente meu bem. Porque dessa vez talvez eu lhe olhasse mais, lhe abraçasse mais forte e lhe sorriria a todo instante. Só que ainda engoliria o meu amor, porque ele foi feito pra ser guardado a sete chaves. É a única coisa sua que ainda me restou, então prefiro protegê-lo bem. Você entende, não?
Sei que foi tudo tão de repente. Do nada eu volto assim dizendo que nunca o esqueci, mas estava tentando e você viu o quanto tentei. E aí você se diz arrependido de ter ido embora, e que se pudesse voltar teria tentado outra vez, e eu aqui, com a minha vontade de gritar que ainda estou aqui pra tentar mais uma vez. Só que dessa vez eu que tenho medo. Eu sei que disse muitas coisas, confessei o que guardei por esse tempo todo, mas é que te ver repentinamente me fez sentir o coração pulsando forte novamente, e as borboletas no estômago ávidas por um céu azul. Sentimentalismo puro meu bem, senti sua falta. Lembra-se do dia que disse sentir a minha também? Nunca mais tocamos nesse assunto, será que eu o inventei?
Tudo bem, já parei com essa minha loucura de achar que ainda teremos outra chance e que eu o encontrarei novamente como era há tempos atrás. Eram manhãs frias e tristes, mas seu sorriso era tudo o que me fazia sorrir. Não espero que você me convide pra dançar, mas confesso que dividir os fones de ouvido com você aquela tarde teve a mesma significância e por muito tempo, transformei aquela música na nossa própria, assim... em segredo. Segredo, assim como tudo que dedico a você. Inclusive cada linha disso aqui. 

Laura Ribeiro

3 de novembro de 2012

Ser Saturno, ser intenso



Não adianta termos mais mulheres de Marte e homens de Vênus, se não temos a mistura dos dois com uma pitada de Saturno. Sim, Saturno. O planeta dos loucos. Porque não adianta ter o calor, a atitude, a sensualidade e a exuberância de Marte, tampouco o amor, o romantismo e até a doçura de Vênus, se não tiver a loucura e paixão que saturno insinua assim, sem um pingo de vergonha ou recato. Porque amar em Vênus e ser intenso em Marte não é tão incrível sem que se dê uma volta pelos anéis de saturno, deixar que o próprio planeta gire, revire, revolte e expresse o que Venusianos e Marcianos sentem.

Amor e ardor devem andar de mãos dadas com a loucura, para que se unam em uma só coisa, para que fervam em si próprios, para que se tornem uma tríade imbatível, porque duas coisas não se fecham ou se concluem talvez se encaixem, mas não se selam. Saturno está ali para selar e completar. Para arder o que marte insinua e grita enquanto Vênus coloca e geme docemente ao pé do ouvido. Porque os Saturnianos têm um quê dos outros dois planetas sem perder as próprias características e fica à disposição de Júpiter, da Lua, de Mercúrio também, por que não? Saturno é intenso, louco, direto e sem vergonha, mas sabe ter sensualidade sem ser vulgar, sabe amar sem se entregar demais, vai até onde quer sem se perder e jamais deixa de fazer o que lhe dá vontade por medo de se arrepender, porque quer saber? Saturno é único dentre os outros planetas, estrelas, satélites, corpos celestes, enfim.

E se me perguntar qual planeta eu sou afinal, digo que não sei, mas que se pudesse escolher seria apenas um astronauta para colher daqueles belos anéis um pouco do encanto que há em toda a Via Láctea.

Laura Ribeiro
--- Texto inspirado nos dois textos incríveis que li no blog do Casal Sem Vergonha, a respeito de Homens de Vênus e Mulheres de Marte. Confiram lá depois! 

14 de outubro de 2012

Então vamos...

Então vamos, meu bem, sair pra dançar, nos ver, beber, amar. A Lua assim, a noite, tão cheia. De risos, piadas, malícias pra dois. Copos de vinho, vazios, no chão. De estrelas, de grama, de roupas, jogadas. Flertes, intrigas, olhares. Furtivos, fugitivos, sedutores. Amores, você, eu. Nós dois. A sós.
Meu bem...

Laura Ribeiro

21 de setembro de 2012

Vinte e um - conversa tecida

Ultimamente tenho produzido bastante em comparação ao que produzi durante o ano passado inteiro. Não sei se foi a folga que tive da faculdade, ou se é o estado apaixonado no qual me encontro - calma, é pela vida e pela poesia. Não tenho postado tudo aqui, e também nem são milhares de textos, contos, poesias, coisa e tal. É um pedaço ou outro de pensamento e ultimamente me surgem nas horas mais inoportunas de modo que tenho que sair de casa com um pedaço de papel e caneta, pra não esquecer. Sabe quando as palavras fluem assim, parecendo vir do nada? Entretanto elas não vêm do nada, não. Elas vêm de dentro, de um canto que deixamos de lado, como se não tivesse mais utilidade, mas tem sim e se mostra agora. Escrevo o que penso, sinto e vivo, mas isso não é segredo pra quem já me acompanha há um tempo. O fato é que aqui tenho postado apenas sobre amores, desilusões e etc. E estou pensando seriamente em misturar tudo o que posto, estou pensando em escrever sobre coisas aleatórias como as que tenho perdidas em alguns cadernos por aqui. 
Agora que a greve das universidades federais acabou definitivamente, não terei tempo para mais nada e provavelmente o blog ficará sem postagens novamente, entretanto, penso que ainda estarei produzindo, porque inspiração não me falta. E isso é de fato muito bom. 

12 de setembro de 2012

Olhos de amêndoa e pele de lua cheia



Mais uma noite em que ele se via perante o seu desejo. Ela era especialmente linda, com seus cabelos negros e lisos, aquele olhar intrigante e um sorriso fácil. Os olhos amendoados e que pareciam lhe dizer: “fique pra sempre”. Ele não a amava de fato, mas amava ter o corpo junto do dela, e as carícias que ela lhe fazia, os beijos quentes e as mãos macias e que lhe buscavam. A pele dela era morena e macia, mas rígida ao toque, e ela sempre ria quando ele lhe apertava os ombros. Eles se desejavam de um jeito único, só deles, mas de um jeito que muitos já imaginavam e talvez já o tivessem feito. Ela esperava pelas carícias e quando começava, ficava parada esperando por mais. E ele esperava mais ação, mas tudo bem, porque ela lhe acendia desejos ardentes e lhe queria além dos lençóis.

Em sua mente, quando terminavam e se perdiam em delírios de gozo, vinha uma sombra com tênues linhas. À medida que ia imaginando, a imagem se concretizava e surgia frente a teus olhos da mente, a dama de seus sonhos. Ela era linda, além do que as palavras poderiam dizer. Tinha os cabelos mais longos que já vira, negros e perfeitamente cacheados que lhe chegavam abaixo da cintura. Ela tinha uma pele tão branca quanto a lua em sua noite de esplendor, e era tão macia quanto o toque no veludo. Seus olhos eram pequenos e puxados, com sobrancelhas marcantes que davam um toque de olhar profundo e que parecia dizer: “não deixarei você ir”. Suas carícias eram regadas de paixão e ao mesmo tempo, carinho. Seus beijos lhe percorriam o corpo com curiosidade e também como se já soubessem de cada canto, como tocar, e como molhar a pele dele. Ela parecia conhecer a forma exata de deixá-lo completamente em êxtase puro, e o fazia de uma forma sutil e marcante também. Porque ela lhe tocava com vontade, e queria dar prazer ao amado, e parecia que isso lhe dava prazer da mesma forma. E porque ela ficava presa nos olhos de seu querido, como a caça fica presa aos olhos de seu caçador, mas ali não era relação de presa e predador, era só uma relação afetuosa de dois amantes buscando sentir algo pleno. Fundir dois corpos num só e ao mesmo tempo não deixarem os seus próprios corpos, pelo contrário, sentir cada sensação, cada toque, cada beijo quente e molhado.
De olhos fechados ele desejava lá no fundo da alma, que fosse ela quando ele os abrisse. Ele desejava que fosse a dama de seus sonhos que estivesse envolta em seus braços naquela cama, por baixo dos lençóis frios. E que fosse ela que o acordaria com beijos doces e sorrisos únicos.

E quando os abriu, não era a dama de seus sonhos, mas sim a mulher de seus desejos. E novas carícias quentes começariam, com palavras sussurradas ao pé do ouvido. E com ele sendo mais ativo, mais quente e envolvente a cada beijo. Chegavam ao êxtase e tomavam um banho, preparavam alguma coisa, comiam e dormiam novamente abraçados. E ele sonhando com a dama de seus sonhos, esperando o dia em que a veria e a teria de novo. Esperando o dia em que pudesse se perder naquele seio, naqueles beijos que se encaixavam com os seus, naquele olhar que agora lhe perturbava um pouco por estarem tão distantes. E se sentia mal também, por não ser ela ali, mas por gostar da mulher de seus desejos. Gostava de tê-la como amante e de como ela o queria. Mas ela pedia e sussurrava dizendo ‘fique comigo’ enquanto a dama de seus sonhos o prendia livremente e o beijava dizendo ‘não o deixarei partir’. A mulher de seus desejos o tocava segurando-o como se tivesse medo dele levantar daquela cama e sair, enquanto a mulher de seus sonhos o acariciava deixando-o livre para acariciá-la também, sem segurá-lo, sem prendê-lo, porque parecia saber que ele já estava ali junto dela e que não iria assim sem mais nem menos. Ele queria era aqueles lençóis com cachos e pele de lua cheia. Mas não conseguia se desligar dos olhos de amêndoas e risos fáceis. A escolha era difícil e embora quisesse deixar as coisas como estavam, queria alguém para dividir o chocolate quente e o cobertor na frente da lareira. E seria com a alma aventureira que partilhava das mesmas vontades. A dama de seus sonhos linda e única. Macia, e com pele de lua cheia.


Laura Ribeiro

10 de setembro de 2012

Quando teus cachos prendem os nós de meus dedos

E aí eu vejo tua cara embaçada de frente pra minha amassada. Acordamos depois de uma noite juntos e eu me pergunto se tudo foi real mesmo, ou se fui apenas mais uma que se deitou do teu lado e fez carinho na tua barba enquanto você sorria e pegava meus cachos nos teus dedos. 
Sabe, é tudo tão estranho como as coisas tendem a acontecer. Um dia apenas conversávamos sobre aventuras, medos, músicas, sonhos. E no outro nos beijávamos e entre um abraço e outro apenas ficava aquele olhar de "quero mais" e "eu sei que é complicado, mas fica mais um pouco". Em uma noite éramos apenas amigos de conversar aleatoriamente até dar sono. E em outra ficávamos segurando o sono até as 4 da madrugada porque estava um papo bom e sabe como é, dormir podia ser deixado de canto um pouco. Mas aí, eu te abraço e você me aperta como se não existisse nada além de nós dois, aquela cama e aquele quarto. Você me prende nos teus cachos e os meus grudam em tua pele suada, coisa de quem acabou de amar. E eu te olho com aquele olhar profundo que provoca, eu sei que te prendo e não te solto, até o último minuto em que também preciso ir. 
Você sorri e eu me perco naquele beijo que se encaixa perfeitamente no meu pescoço. E quando a tua respiração quente chega na minha nuca, o mundo gira tão rápido que quando me vejo já estou despida de minha timidez e estou lhe segredando desejos com o olhar. Você sorri de novo, só que dessa vez tem um quê de malícia e diz algo como "você é tão linda", eu dou aquele sorriso frouxo e doce, mas é só porque eu sei que você não vai resistir e começará a me beijar de novo com mais paixão.
Agora meu anjo, estamos assim. Eu aqui e você aí. Não vejo tua cara embaçada, nem você vê a minha amassada, coisa de quem acabou de acordar. Eu estou aqui imaginando como seria tomar café da tarde com você e dar gargalhadas vendo algum filme de comédia, ou então conversarmos sobre livros, sonhos, música, aventuras. Fico pensando como seria planejar nossa fuga para Stonehenge, daquele jeito que sonhei, com a lua gigante atrás das pedras e dizendo "aproveitem o silêncio da noite, só há eu aqui", ou então irmos para aquele chalé no bosque, com chocolate quente e um cobertor bem pequeno, para que ficássemos bem juntos trocando calor. 
E quer saber de uma coisa? Isso é demais mesmo! Assim, sem palavras difíceis, metáforas elaboradas ou outras coisas. Conosco não há essa de 'meios termos' ou 'eu-quero-mas-tenho-medo'. Não. Conosco é tudo assim, limpo e lindo. Sem dar nomes ou formas, apenas sentindo e vivendo. 
Porque estar com você é ir ao céu desejando o teu inferno, coisa que só você pode entender. E não há nenhuma porta entre nós além daquela que abre meu quarto, não há empecilhos querido. Podemos agora nos deitar novamente para que meus cachos prendam na tua pele e os teus se enrolem nos meus dedos? Stonehenge nos aguarda. Não se preocupe, estou levando chocolate quente suficiente para uma fuga completa. ['Cause I'm the one who waits for you]

9 de setembro de 2012

Um pouco mais amargo, por favor



Antes que pense que isso tudo aqui são indiretas e palavras engasgadas, eu quero que saiba. São mesmo.

Sempre que escrevia algo que não era direcionado a você de fato, você vinha com paus e pedras nas mãos, e ainda me acorrentava em seus arames farpados como se fosse bom me acusar de palavras que me surgiram apenas, e não foram sentidas de verdade por mim. O que você  não entende é que tenho alma de poeta, e como tal escrevo a vida, os seus dissabores e doçuras. E a vida não sou só eu e você. Há outras pessoas no mundo,se lembra? Pessoas que amam, sentem, alegram e sofrem também. E muitas vezes, é pensando nessas pessoas que escrevo, desabafo infortúnios roubados e que me inspiram assim ilegalmente. Tudo bem, não são meus sentimentos então não me dê créditos, por favor.

É tão triste como você só decidiu enxergar minha poesia agora, que acabou. E não me venha com “ah eu não sabia”, porque de um jeito ou de outro eu fazia de tudo para que visse, para que descobrisse. E quando lhe mostrei você disse algo como “vou ler depois” e nada. E enquanto lhe foram direcionadas poesias, contos e amores, sem comentários, críticas, reclamações ou “obrigado, amor”. Nada.

Agora você me vem com: “por que disse tudo aquilo? Não precisava ser tão cruel”, ou talvez nem fosse isso o que queira ter dito, mas assim fica mais poético e ácido de se dizer, sabe? Sim, transformei nossos infortúnios em conto também. Mas dessa vez sem dramas e nem uma linha sequer de ultra-romantismo, por que quer saber? Cansei. Dessa vez não citarei Álvares nem outros tão belos amantes, porque é só um desabafo mesmo, inspirado em brigas e desalentos. Desencantos e desafetos. Mas que são meus e seus e por isso posso dar os créditos a mim mesma, mas as consequências eu deixo todas a você.

Não quero resposta, nem briga. É um desabafo, e só!

3 de setembro de 2012

Ácido e pimenta


Ela já estava cansada de desabafar para uma folha de papel, mas como não o fazer se todos a sua volta não eram obrigados a escutar as ladainhas que já pareciam ensaiadas? Então escrevia loucamente, como se fosse aquela a única folha de papel na qual pudesse despejar os delírios, a raiva, a incompreensão ou a compreensão exagerada, a acidez, o amor, a dor, tudo. Sempre era amor e lágrimas, ou amor e sorrisos, mas raramente era ácido e pimenta. Só que agora precisava despejar naquele papel as palavras mais vis e ácidas que poderia encontrar, não se preocupava em definir situações ou sentimentos, porque talvez na raiva coubesse tudo o que teria no dicionário.
Era simples: estava cansada e inconformada. Cansada de tanta infantilidade da parte de quem se achava o mais adulto de todos e o namorado perfeito. Não, ele não era adulto e tampouco o namorado perfeito. E inconformada por tanta mediocridade que poderia existir naquele copo de café frio que parecia os atos e palavras de quem ela dividira o colchão e o porta-escova-de-dentes por mais de um ano. Tá certo, eram apenas uns 400 dias entre indas e vindas da casa de um e outro, mas se era mais de uns dois ou três meses - data limite e prazo de validade para todos os seus outros relacionamentos -, era sinal de que importava e não era banal como agora parecia.  Então vinha a pergunta de "como aguentei todo esse tempo?" ou "como não enxerguei isso antes?", ou pior, "como ele pensa essas coisas de mim?", perguntas crueis e amargas, não? Mas era isso mesmo. Como pôde?
E a toda lembrança de atos infundados o pH da escrita diminuía e agora parecia beirar os 2 e alguma coisa, e dessa vez não se sentia culpada em deixar o tampão de lado porque queria que tudo se ferrasse, assim nesses termos chulos e baixos mesmo. Poesia simplesmente não existia para o que fora um relacionamento à beira do colapso a cada palavra dirigida a outro homem que não fizesse parte da rodinha de amigos gays, ou  amigos dele mesmo. Culpa do maldito ciúmes, era a desculpa que ele usava para justificar os atos infantis que praticava e as ceninhas dramáticas que reproduzia durante as madrugadas em que bebia além da conta, e quer saber? ela detestava quando ele bebia, não pelo álcool, mas pelo cheiro. Era tudo cheiro e visão e aquele conjunto simplesmente se desconjuntava nele quando o fazia. Era ridícula a maneira como tentava se enturmar e parecer o cara legal e maduro do círculo quando era apenas desespero. Por isso estava cansada e agora tinha a certeza absoluta de que não poderia manter sua escova-de-dentes na casa dele, nem a dele na sua. O pH baixara já pra 1 e a corrosão se dera por completo quando ele num último ato de ciúmes insinuara coisas a seu respeito para terceiros. Seria muito nesse momento pedir para que ele fosse embora sem olhar pra trás e que nunca mais a olhasse nos olhos? Até porque não parecia digno disso. 
Os comentários picantes não seriam no bom sentido, claro. Apimentado não pelo calor, mas pela vontade de água e de apagar aquilo tudo que há muito se extinguira e deixara aquele odor de pimenta velha. Sim, parecia isso: azeite velho com pimenta passada. O curtimento nesse caso já havia passado da validade e ela não estava nem um pouco a fim de ficar sequer com o frasco. Lixo. 
E então ele vinha fazendo beicinho, dramas, chantagens, batia o pé no chão. E ela indiferente, seguia como se nem o conhecesse. Homem com dor de cotovelo é pior que criança mimada e birrenta. Que fizesse pirraça então, se jogasse no chão e desse um show. Mas que soubesse de uma coisa: ela sequer aplaudiria, por já não estar mais na plateia. 

Laura Ribeiro

11 de agosto de 2012

A menina e suas borboletas


Imagem: Google imagens

Espera. Era aquela sensação mesmo? Será que ainda havia alguma primavera ali dentro que lhe pudesse dar as borboletas no estômago? Há tanto tempo não se sentia assim, desacostumara-se com a sensação gostosa de um beijo quente, um afago suave e um abraço apertado com gosto de saudade. Não se lembrava mais a diferença entre um suspiro de sonho e o de cansaço. Eram ambos relativos e quer saber? Era o mesmo movimento com os ombros, só que era lá dentro dela que mudava tudo. Já não conseguia apreciar as tardes de sorvete porque não tinha tempo, não havia com quem partilhar um sorriso melado e um céu cheio de estrelas. Para ela essas coisas tinham tanta importância, e agora se dava conta de que não se lembrava do dia em que tudo perdeu a cor, quando foi que passou a ignorar a lua, tua companheira até então. Não lembrava mais quando foi que o pôr-do-sol não lhe era mais um espetáculo divino de se ver sentado na grama de mãos dadas com o coração do outro. Não lembrava sequer, da última vez em que amara a si própria, a deslumbrar a imagem refletida no espelho. E se culpava por todas as belas tardes nubladas que perdera enfiada num moletom sem graça assistindo o futebol que tanto odiava. Culpava-se por todo o chocolate em excesso que comera porque eles estavam em crise e por todas as palavras ridículas de raiva e depois arrependimento que se seguiam, e das crises de choro. Espera. Não era isso que estava a sentir naquele momento. Não era culpa, arrependimento, tristeza, nostalgia. Era algo que já conhecia, só não lembrava. Era uma sensação gostosa, sabe? Daquelas em que sentar para ler um livro sob uma árvore significa paz. Ela agora, parecia poder escutar o som de seu coração, “tum-tum, tum-tum”. Quando foi que deixou de prestar atenção nisso? Será que foi quando achou que amar seria doar-se por inteira? Fazer o outro feliz desde que isso custasse sua própria felicidade? Talvez fosse, porque agora conseguia ouvir as batidas do próprio coração, conseguir imaginar as borboletas voando livres e não presas no estômago, embora o bater de asas tenha deixado uma leveza e certo remelexo ali dentro. Agora sorria bobamente com uma frase precipitada, mas se entristecia com o passado lhe atormentando. Não é tormento a palavra certa, mas sim, tentativas vãs de mudá-la e retirar aquilo que estava sentindo naquele momento. Era tão bom se sentir viva novamente, como se todo esse tempo estivesse inerte, adormecida para o que era, adormecida para ela mesma. Então era isso, agora se sentia desperta novamente. Hibernara dentro de sua casca mais uma vez, mas era primavera e estava disposta a explorar as partes que decidiu ocultar um tempo, é que agora podia sentar horas e horas vendo o pôr-do-sol e o nascer da lua sem que ninguém lhe apressasse por ter final de campeonato. Podia contar as estrelas, perder as contas e recomeçar quantas vezes quisesse, porque gostava mesmo disso. Encontrara a parte que se perdera no relacionamento passado, não era saudável aquilo e por isso chegara ao fim. Aprendera tanto, mas também se perdera um pouco e agora estava a se recuperar de tudo que se passou. Nossa! Parecia que há muito tempo não se olhava no espelho de verdade, olhando direto nos olhos parecendo enxergar a alma e conversar com si mesma. Espera. Era da sensação das borboletas de que falava, pois bem, era bom sentir aquilo novamente. Sonhar, o que sempre fizera, agora não parecia tão bobo. Até os medos se tornaram outra coisa, agora se perdiam na infinidade de palavras ditas para o espelho e todas as que ficaram em papeis rasgados e velhos, que ela sabia que nunca leria novamente. Mas tinha a certeza de que se lembraria das palavras, letra por letra como se fosse uma música a ecoar dentro de si. E quer saber? Borboletas são mais bonitas livres e não aprisionadas no corpo. Não precisava mantê-las naquele regato ácido de sentimentos perdidos e confusão. Libertara-as, mas sabia que voltaria a sentir o bater de asas e a sensação de leveza, porque agora, as borboletas estavam a fazê-la voar também.


Laura Ribeiro

30 de julho de 2012

O Coração da Fênix - Capítulo V

No último capítulo do conto, Lily encontrara-se com a doce garotinha Lisy, que lhe alertara sobre o perigo, sobre o Anjo negro que estava à espreita e que tinha os mais profanos desejos............ Leia em: O Coração da Fênix - Capítulo IV



Imagem: peguei no Google há muito tempo

CAPÍTULO V - Tentada por um demônio
Aquilo que dizia no carvalho, realmente acontecera, a fenda abrira-se, a menina disse-me que ele saíra da árvore, e que eu era a pessoa para enfrenta-lo. Mas e o meu sangue, que pingado sobre a mais bela rosa azul se transformava num néctar... Não fazia sentido. Esse néctar teria alguma função, mas, que função? E como eu acharia essa rosa? Ao menos nunca vi uma rosa azul que não em desenhos animados ou fotografias, mas levando em consideração os últimos acontecimentos, não seria difícil acreditar que isso pudesse existir... Afinal, eu vira pássaros que renasciam de cinzas, não é mesmo?
Voltando ao grande carvalho no centro da floresta, não avistei nenhuma das aves. Ao entrar na árvore, vi muito sangue e penas por todos os lados... Engraçado se elas renascem das cinzas quando morrem por qual motivo não havia nenhuma sobrevivente? – pensei. Ao chegar ao centro exato da árvore, vi a grande ave caída e fraca. Corri para tentar salva-la, mas quando cheguei, ela apenas soltou um grito e morreu. No mesmo instante suas penas caíram e viraram espinhos. Não segurei as lágrimas que logo despertaram de meus olhos e caíram, ao cair sobre os espinhos da mestra, eles transformaram-se em botões de rosas, e no mesmo instante abriram-se, rosas de todas as cores, vermelhas, amarelas, violetas, cor-de-rosa, até negras e apenas uma, a maior e mais bela, era azul. Então não pensei duas vezes e tirei do bolso aquela pena que a grande mestra me dera, e com o cálamo cortei meu pulso pingando o fluido escarlate que dele escorria sobre a rosa, por incrível que pareça ao filtrar-se pela flor, o sangue ia perdendo a viscosidade e se ia transformando em um líquido puramente fluido e de um tom dourado, era uma espécie de néctar! Então, peguei minha coroa arranquei com dificuldade o Rubi colocando naquele encaixe o néctar que caia cada vez mais. Assustei-me então, com um vulto que passou rapidamente ao meu lado. Ao olhar para trás, fiquei intensamente apavorada, e congelei, ao ver um anjo que tinha um aspecto assustador e um olhar sombrio... Ele tinha nos lábios cortes e seus dentes pontiagudos faziam jorrar sangue.
Era de se imaginar quem fora o responsável pelo massacre das aves.
Olhei para o néctar e resolvi arriscar que era aquilo que matava aquele ser tenebroso. Quando ia em sua direção, ele caiu morto e atrás dele surgiu um anjo magnífico, suas asas eram negras, ele tinha um corpo esbelto e seus olhos eram tentadores, provocantes. A verdadeira flor do pecado. Então eu caminhei em sua direção e peguei o néctar colocando-o em sua boca, e que lábios lindos eram aqueles! A minha vontade era de beija-los naquele exato momento, mas eu não sabia se ele era do bem ou do mal. Não deu tempo de questionar, pois no mesmo momento que coloquei o néctar em seus lábios, ele regurgitou tudo e ainda mais soltou uma risada irônica e com uma voz sedutora me disse:
-         Você acha que seu sangue pode me fazer algum mal? Eu não sou aquele que irá te destruir e sim aquele que irá te possuir, e já possessa será fraca... Não terá condições para lutar.
-         Eu... Não vou deixar você fazer isso, mesmo sendo muito tentador. Eu não vou cometer um erro tão insano! - Disse-lhe.
Ele então saiu da grande árvore, mas não havia derrotado-o.
Extremamente desnorteada, e já quase perdendo os sentidos, percebi que mesmo sem ver, e sem ter percebido, ele já tinha me possuído. Não entrando em meu corpo, mas sim, deixando-me apaixonada!
Quando olhei no espelho eu estava com outro vestido belíssimo, um lindo traje de baile; em minha cabeça estava uma bela coroa, que combinava com o vestido negro e cravejado de rubis.
Ao sair do Carvalho, percebi que não estava mais na floresta e sim num salão de festas. E um homem, ou ser, não tinha forma exata, anunciava a todos que ali estavam:
-         Atenção, com vocês a princesa LILITH!
Assustada e curiosa entrei no salão que era enorme e tinha muitos seres de aparência grotesca. Estavam todos de vermelho. Apenas eu estava de preto com rubis em seu detalhe – aquilo tudo já estava bizarro demais, pensei. Eu não entendia o que estava acontecendo, então aquele anjo veio em minha direção e disse:
-         Bem vinda minha cara futura Rainha! Tu serás minha esposa, por toda a eternidade! Terás o mundo inteiro a teus pés! É só entregar-me teu corpo e aquela pena com a qual feriste teu pulso.
Eu então sabendo que algo de errado estava acontecendo, mas por outro lado tentada a viver com aquele anjo, sabendo que era o mais puro pecado, quase estendi minha mão quando de repente, uma pessoa gritou: Não! Não faça isso. Não entre por um caminho do qual não terá volta!
Ao olhar para trás vi aquela garotinha estranha, que aos prantos me dizia:
-         LILITH não seja insana! Você deve derrota-lo e não aliar-se a ele. Ele te trairá, e ele quer a pena, não entregue, pois ela tem seu sangue, quando cortaste teu pulso ela tragou toda tua energia. E se entregar a ele, ele roubará teu coração que tem o ritmo da lapidação. Você sabe! O ser que se libertou daquela árvore não foi um anjo ou um demônio e sim teu coração, tua alma de Fênix! Agora você é uma delas. Não deixe que ele termine de possuir-te! Não!
Ao terminar de me dizer isso, a garota virou um brilho incandescente e sumiu. Eu então, confusa, sai correndo daquele lugar, mas antes dei um beijo naquele anjo. Ao chegar na escada percebi que algo de errado havia acontecido, ao olhar para trás ele havia tornado se cinzas e todos que ali estavam, não estavam mais. Então, no ar, com letras distorcidas, a frase completou-se:
“O puro néctar de teu sangue apenas despertará o desejo do pecado. Não entregue tua alma, não entregue teu sangue! Numa noite de chuva o espírito da ave de fogo será selado em um coração tão puro quanto o mel, mas que ao apaixonar-se é capaz de cometer as piores insanidades. Não entregue teu sangue a ele. Ele não merece teu amor, porém este será a causa da tua derrota.”
Então entendi... Nada daquilo o derrotaria, se não houvesse amor. Sim! Por que não? Ele caíra por inveja, mas amava o seu Criador, não é isso que dizem os fieis? Entretanto, não. Era loucura, aquilo tudo era loucura. Demônios não amam, só desejam, e ele me desejava ao mesmo tempo em que queria me matar, e comigo talvez não fosse diferente, afinal ele era um Anjo caído, um demônio, mas ainda sim lindo como nunca vi ninguém! E claro, eu nunca fui cega. Amá-lo não seria lá a coisa mais difícil, sempre tive o tal do “dedo podre” pra isso mesmo, só que tudo aquilo não era um romance que se lê por aí, ele não era do tipo bom moço que aceita um beijo e oferece flores. Ele era mais do tipo que quer o corpo de uma mulher e em troca lhe rouba a vida. Comigo não seria diferente, porque aquele beijo nunca mais se repetiria e amá-lo era me arriscar demais. Deliciosamente arriscado demais.


••• Bem, enfim um novo capítulo! Ele estava precisando de alguma emoção e consegui finalmente revisá-lo para postar aqui. O próximo ainda não tem data certa, então, continuem acompanhando!  Obs: para este capítulo dei um título, foi algo que me ocorreu na ora da postagem, não garanto para os próximos.
Laura Ribeiro =)

2 de julho de 2012

Caio F. Abreu e umas palavras a mais


Imagem: de um Tumblr que não lembro mais
"Olha, eu estou te escrevendo só pra dizer que se você tivesse telefonado hoje eu ia dizer tanta, mas tanta coisa. Talvez mesmo conseguisse dizer tudo aquilo que escondo desde o começo, um pouco por timidez, por vergonha, por falta de oportunidade, mas principalmente porque todos me dizem que sou demais precipitado, que coloco em palavras todo o meu processo mental (processo mental: é exatamente assim que eles dizem, e eu acho engraçado) e que isso assusta as pessoas, e que é preciso disfarçar, jogar, esconder, mentir. Eu não queria que fosse assim. Eu queria que tudo fosse muito mais limpo e muito mais claro, mas eles não me deixam, você não me deixa..."
Caio F. Abreu

Porque eu não me deixo... É, eu sei, sou complicada, você é complicado, a vida é. E por mais que eu queira simplificar as coisas que acabamos dificultando, não consigo, porque simplificar dificultaria mais as coisas, dizer o que se quer nem sempre esclarece as ideias ou libera o pensamento de pesos e correntes. Talvez fizesse pesar ainda mais a consciência, quando depois do ato se pensa: "ah, poderia ter dito isto ou aquilo, suavizado tal expressão, derramado umas duas lágrimas, ou ter dito tudo entre um meio-sorriso e outro...", mas não. Não é assim tão simples, e também não é assim tão difícil. Só que, o que eu precisava dizer? Já não lembro mais.
Laura Ribeiro


••• Caio, sempre Caio. Inspirando poetas enferrujados, e fazendo as teias de aranha destes meus dedos voltarem-se para a poesia. 

27 de junho de 2012

Felix – do latim: “fértil”, por isso: jardim


Imagem por: Laura Ribeiro

A felicidade está nas pequenas coisas, nos pequenos momentos, nas pequenas lembranças. Felicidade não é sinônimo de riqueza material, pois o ouro corrompe e a única riqueza que nos faz sorrir são os sonhos, os amigos, a família. A vida não é cor-de-rosa, não. Existem outras cores no mundo e elas não surgiram com bandinhas pop.
Ser feliz não é ser querido por muitos, isso é um tanto de egocentrismo; Ser feliz não é ter bebidas e guloseimas na geladeira, roupas no armário e um carro na garagem, isso chega a ser satisfação material; ser feliz não é se sentir “bem”, isso se chama conformismo; ser feliz não é ESTAR feliz, isso é apenas um estágio emocional que logo se desvanece como uma leve brisa que passa.
O que seria então, a felicidade?
Felicidade, s.f. 1. Qualidade ou estado de feliz. 2. Ventura. 3. Bom êxito.
Não, a felicidade não é essa significação toda de dicionário que não nos serve para nada.
Tantos pensadores se puseram a buscá-la nos campos do saber; Cientistas buscaram-na nos ramos de estudos e pesquisas; e tantos outros desistiram de encontrá-la. No entanto, a Felicidade consiste em acordar e se sentir um ser de sorte só por poder se deliciar com os raios luminosos do Sol; Ser feliz é sorrir a cada vez que olhar a si mesmo (a) e descobrir bons sentimentos; Sentir fluir nos dedos as lembranças de momentos mágicos; deitar sobre uma rede e dar forma a cada uma das nuvens tão alvas no céu azul; deliciar-se com o sorriso inocente de uma criança; ver o mistério divino em cada ato da natureza, mesmo que não se acredite.
A felicidade consiste em estar bem consigo mesmo (a). Afinal só a encontramos quando paramos para nos observar e corrigir aquilo que não nos agrada. À medida que nos tornamos pessoas melhores e honestas para conosco, aprendemos a enxergar a plenitude das coisas onde nossa felicidade talvez esteja escondida.
Posso dizer que ainda não tenho a minha, embora já saiba como adquiri-la, talvez. É que não adianta obtê-la se o nosso coração não está preparado para acolhê-la. É como acomodar doces em um frasco contendo resquícios de um líquido amargo, acaba contaminando os doces também. O que posso fazer é olhar em meu interior e mover as peças erradas, cuidar de meu coração para que um dia a felicidade possa habitar nele.
Como disse o poeta uma vez, não corra atrás das borboletas, mas sim, cuide de seu jardim para que elas possam vir habitar nele. Assim é com a felicidade.
E você? O que faz para ter a sua? Pense. Reflita. Pense de novo. Nunca é tarde demais para limpar e cuidar de seu jardim.

•••Este texto que escrevi há um tempo está concorrendo a um concurso no blog CASAL SEM VERGONHA. Torçam por mim =)

7 de junho de 2012

preto&vermelho



Mudar... sempre bom quando nos faz bem! Sei que aqui não é fotolog, mas não pude resistir... Como sabem, amo fotografia, então como não postar fotos sobre essa minha mais nova loucura? tá! nem foi tãaaao louca assim, só passei um vermelho básico sobre minhas mechas loiras que já estavam antes... Mas amei!
Bem.... falando do blog.... A faculdade está em greve, entretanto, estou presa no estágio... Laboratórios não param e agora que consegui uma iniciação científica, ou seja: sem vida social e hobbies... Mas tentarei atualizar aqui em breve. Estou pensando em uma maneira de continuar os próximos capítulos de O coração da fênix e, quando tiver adiantada, posto aqui os que já tenho finalmente revisados! ^^ 

12 de maio de 2012

Descanso


Esta tarde pude me dar o direito de sorrir, assim, bobamente ao ver um filme na TV. Rir sem motivo, como uma criança deitada na grama vendo pássaros e aviões passarem pelas nuvens no céu. Dei-me o direito de descansar a alma das feridas e meus olhos também puderam repousar da dor...
Esta tarde comer chocolate não foi sinônimo de terapia, ouvir música não foi como querer me afundar em um mundo de melodias tristonhas e paralelo ao real. Sorrir não me doeu e amar não me foi roubado.
As obrigações foram deixadas numa folha de papel, devidamente anotadas com todos aqueles horários tabelados, marcados e combinados. Mas planos não me entristeceram hoje, nem preocuparam. Não teve um quê de melancolia nesta minha tarde tão calma e serena, sequer as dúvidas vieram me inquietar a mente que hoje, apenas descansou.
Descansei da tristeza, de estar perdida, da estrada sem fim, dos planos obrigatórios, dos sonhos mentirosos, da lição de casa, do cansaço. Descansei de mim. Descansei do mundo. Porque amanhã tudo deve voltar. Então só fechei os olhos e pus-me a rir dos pássaros rasgando o céu azul e límpido enquanto aviões ecoavam refletidos em meus olhos que não se atreveram a chorar. 
Sabe aquela sensação boa de dever cumprido e de ter um direito a um pedacinho de paz? Pois bem, foi que me ocorreu hoje, assim, por mim mesma. Decretei feriado e neste sábado calmo não fiz nada que pudesse me cansar, não fiz mais do que fazer o que gosto - além de ler - repousar.
Hoje apenas fui eu mesma a me amar como sou.

11 de abril de 2012

Batalha, perdas, ganhos... só

[imagem: peguei em um tumblr não lembro o link]
Hoje o sol entrou pela janela radiante, mas sua luz não pareceu refletir em meus olhos, como se nada pudesse fazê-lo. Abrir os olhos hoje, não fez sentido algum porque foi como despertar dentro de um sonho parado, onde  nada acontece, onde nada sai do seu lugar errado para ir ao lugar certo. Nesta manhã, acordar não fez sentido simplesmente por não conseguir sorrir. É como se algo me tivesse tirado a vontade de ser alegre e ao mesmo tempo, viesse se instalar nos meus olhos fechados para o sol, e mais uma vez, abertos para essa minha solidão interior.
Nesta manhã eu só desejava um abraço no qual pudesse me afundar e só sair quando fosse capaz de refletir a luz solar. Só queria que o fato de querer afastar todos de mim fosse o motivo mais forte para uni-los, que essa minha mania de ser dura com os outros quando minha ferida sangra de novo, fosse na verdade, o meu pedido de socorro para que não me deixem afundar em minha concha de novo. Acredito que tenha realmente uma pérola aqui dentro, e não um monte mal formado de areia e sal. Só queria que meus olhos fossem lidos por quem eu gostaria que lesse, e não por quem não pode me ajudar. Ah, como gostaria que alguém lutasse para me salvar de mim mesma, porque eu... desisti.
A verdade é que preciso me encontrar novamente, preciso curar minha ferida de verdade e não apenas estancar o sangue. Preciso voltar a acreditar que posso lutar por mim mesma e parar de esperar que o façam por mim. Porque não vai acontecer. As batalhas que enfrento a cada dia pelos outros não me serão compensadas (não que eu queira que sejam, mas já tive esperanças), e essas pequenas vitórias não são minhas (embora as derrotas sim), são daqueles por quem enfrento tudo inclusive aqueles medos profundos que não enfrento por mim mesma. É... está na hora de parar com esse pensamento de alguém fará o mesmo por mim. Minhas batalhas sou eu quem devo lutar, porque se houver mérito, ele será completamente meu. Preciso aprender a me enxergar nesse corpo, preciso aprender a me enxergar quando me olho no espelho. Preciso confiar em mim e a mim, eu mesma. Não há soldados para uma batalha que já se inicia perdida. Não há luta quando não se quer lutar. Mas eu quero, e mesmo que não tenha soldados, mesmo que seja eu mesma o meu próprio soldado, se falhar poderei recomeçar e não simplesmente abandonar a mim, como já fiz tempos atrás, como fiz hoje comigo. Eu só preciso acreditar em mim tanto quanto eu acredito e espero dos outros, porque eu sei que eu não me decepcionarei como os outros fazem.
Não quero ser só. Quero ser amiga de mim também.

22 de março de 2012

Chá de sumiço

Respondendo ao caro Dellone... Estou bem, obrigada por perguntar. Ando um tanto atarefada estes últimos dias com a faculdade e com o estágio além de outras atividades extracurriculares. O tempo está me sendo muito duro por não me dar brechas, então meu blog anda parado. Sempre tenho dessas fases e é quando estou um tanto bem, por não ter desabafos para colocar aqui. A inspiração se foi novamente. Talvez saudar um poeta sem ideias que agora necessite mais dela do que eu. Então ficamos assim... Com as antigas linhas e estáticos pensamentos que sempre mudam a cada leitura. Em breve retornarei, acreditem! rs
Um beijo queridos anjos...

Laura Ribeiro

18 de fevereiro de 2012

Dor já não é mais a palavra certa

"Thank you for loving me"... 
Penso nisso enquanto a música toca e neste escuro absoluto do meu quarto as lágrimas rolam com uma extrema facilidade, mas meu soluço entalado faz meu peito e minha garganta doerem um pouco... Talvez não tanto quanto meu coração agora.
Estou me sentindo despedaçada neste momento, e este frio do vazio que toma conta do lugar que você deveria ocupar na minha cama esta noite... ah, este frio me incomoda tanto! Tinha tanto a colocar nestas palavras e agora diante delas, eu simplesmente não consigo. O silêncio é um dos meus inimigos quando esta dor vem se alojar em meu peito. E quando as lágrimas rompem de meus olhos, é às palavras que quero recorrer mas os soluços presos não deixam minha voz sair e minha cabeça fica tão cheia de desespero que a vontade de me livrar de tudo isso é mais forte do que a de explicar o que me aflige.
Foi algo tão à toa que me trouxe aqui... Sim, até estas palavras sem sentido. Foi algo muito imbecil mesmo... Mas foi forte o bastante para me atingir. A dúvida. A incerteza. Não de você ou de nós. Mas a incerteza de mim mesma. Gostaria tanto que você pudesse entender esta dor que nem eu mesma entendo... Gostaria de que você pudesse me tirar disso tudo mais uma vez, mas como estender a mão para alguém num buraco se você não o enxerga não é mesmo? Como me salvar de mim mesma? 
Queria tanto que fosse diferente, queria tanto que eu não pudesse mais sentir essa coisa tão ruim que nem sei como nomear... 'Dor' já é inapropriado... 'Solidão' muito mais ainda... É algo desconhecido a mim, é uma tristeza que não é minha. É uma capacidade de pensar nos piores absurdos e eles acontecerem simplesmente. Pensamentos que vêm sem motivos, sem raízes... Surgem como uma brisa e passa igualmente, mas então me resta o arrependimento de ter falado essas coisas absurdas que pensei, de ter causado a discórdia.
Não foi uma briga, eu sei. Mas atingiu a você a mim com a mesma força. E sei que você está aí pensando em outras coisas absurdas... E eu só penso em como dar um tempo, em como sumir por uns dias, mas simplesmente não consigo...  Estou tão perto de voltar e seria ótimo se pudesse não falar com você até este momento, em que juntos poderíamos acertar e esquecer todas as bobagens... Mas ficar longe de você é como aumentar mais minhas chagas, é como deixar que o frio me congele por inteira... Mantê-lo longe é algo que eu não suportaria, principalmente porque dessa vez fui eu que dei espaço aos maus pensamentos. Espero sinceramente que agora esteja se divertindo sem se preocupar com nada, ou que no mínimo tenha já me perdoado. Eu não sei como terminar isso, então vou deixar assim mesmo porque o que mais quero é que não tenhamos um fim e sei que ele ainda está muito longe de nós. Mesmo que o medo me pegue de surpresa e sopre aqueles maus pensamentos novamente, eu sei que esse lugar frio logo será ocupado pelo teu calor.

12 de fevereiro de 2012

Um conto ainda sem título


Capítulo I


Abriu os olhos. Tornou a fechá-los. Estava tudo muito claro à sua volta. Os olhos ardiam. A cabeça doía e seu peito queimava como se estivesse com uma estaca de ferro quente adentrando e marcando seu coração. Não se lembrava de onde estava, a enxaqueca não o deixava pensar. Flashes passavam por sua mente, recortes de imagens sem sentido e ele não tinha certeza se eram reais ou se sonhara com todas elas. E quando tentou erguer a cabeça novamente, tudo se apagou.
•••
Escuridão. Depois... Luz! Escuridão novamente. A cabeça ainda doía um pouco, mas ao menos agora conseguia manter os olhos abertos. Podia ouvir alguns sons. Algo mais como um farfalhar de folhas, um riacho por perto, canto de pássaros e uma música confusa ao longe. Onde estava? O que acontecera? Não se lembrava de absolutamente nada. Olhou pra si mesmo. Suas roupas estavam sujas e rasgadas, suas mãos sangravam e possivelmente todo o rosto também, pois sentia um ardor misturado a um latejar irritante por toda face. Flashes iam e vinham à mente, e ele tentava assimilá-los inutilmente, parecia mais como um incrível sonho retirado de um conto totalmente ilusório. Ah sim! Agora se lembrava ao menos do próprio nome. Chamava-se Louis Hendrick. Seus pais eram Matilde e Arnold Hendrick. Tinha uma irmã também, Sophie. A gentil Sophie a quem todos do reino chamavam de Raios do Luar, devido à sua extrema palidez e incrível beleza. Louis também era um jovem bonito e elegante, seus longos cabelos negros contrastavam com sua pele clara (não tanto quanto a de sua irmã), e caiam em belos cachos sobre os ombros largos e fortes. Era um rapaz bonito e desejado. Mas nenhuma das moças de seu reino lhe interessava. Ele sentia como se sua alma não pudesse ser completa por alguém dali. Almejava uma dama inteligente, bela, sonhadora e tão aventureira quanto ele, não se importava com dotes ou algo assim, apenas queria ter alguém com quem pudesse dividir os sonhos e os pensamentos mais loucos que trazia guardados na mente.
Levantou-se com dificuldade. Seus pais deveriam estar preocupados, pensou. Olhou ao redor para tentar identificar o local onde estava. Era algo parecido com uma enorme clareira de árvores mortas e retorcidas. O aspecto sombrio daquele lugar lhe dava arrepios ao mesmo tempo em que lhe instigava a curiosidade de descobrir onde estava.
- Há alguém aí? – gritou, na esperança de ser ouvido.
E então a música que soava ao longe mudou para uma melodia melancólica, como se fosse a própria Morte a lhe chamar para um reino de dor e angústia. Como não havia alternativa, seguiu o som tristonho, mas parecia que, quanto mais andava, mais a música se afastava e maior era a curiosidade de saber o porquê daquilo tudo. Seu corpo doía, sentia fome e sede, contudo a vontade de voltar para casa superava suas moléstias.
•••
O Sol caia por detrás de densas e altas montanhas, quando Louis chegou a um enorme lago cristalino, onde havia também, árvores frutíferas. A cada hora que passava, o mistério se intensificava. Parecia que a música o levara ali, como se lhe adivinhasse os pensamentos e desejos. Pulou naquela água como se não bebesse há dias e aproveitou para se lavar também. Ao se levantar viu o lago tornar-se escarlate e naquele espelho sangrento pôde ver o seu reflexo. Assustou-se com o que viu. Estava com a face lanhada profundamente, mas algo mais estranho estava acontecendo, ela estava cicatrizando sozinha!
- Pelos deuses! Será que a Ceifeira veio ao meu encontro e estou cá em seu reino? – falou consigo mesmo.
Ao longe a música recomeçou, e mais uma vez o jovem se pôs a segui-la. 
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•••> Um conto ainda sem título que criei... Há continuação, mas não pretendo publicá-la ainda. Por enquanto me contento em prosseguir com O coração da Fênix :) Então, o que acharam? Se houver pedidos, posso publicar o segundo capítulo. Abraços, Laura Ribeiro.

5 de fevereiro de 2012

Distante


É estranho o quanto sinto a tua falta, mas é bom sabe? porque eu sei que logo logo não existirá mais falta e sim presença entre nós. A distância é só de espaço e a saudade, questão de tempo. Os dias estão passando com uma rapidez incrível, mesmo que ao olhar para o relógio as horas pareçam se arrastar com extrema lentidão... É que a vontade de fazer chegar logo o reencontro é maior do que qualquer barreira imposta por ponteiros de relógio. E assim vamos seguindo dia a dia, relembrando momentos passados e ansiando pelos dias futuros, mas sem deixar de nos amar no presente.


28 de janeiro de 2012

E aí você percebe...

E aí você chega a conclusão de que aquilo que é seu, simplesmente é e ninguém pode lhe tirar o sorriso do rosto... que dirá um sentimento da alma.
Você percebe que quem se vai deixa mensagens; quem passa não deixa nada, leva até a própria sombra; mas quem fica deixa parte ou tudo de si.
Você vê que flores em vasos murcham e que trabalhar num jardim vale muito mais a pena...
E então você percebe que viver é difícil, muitas vezes doloroso e cansativo, mas como ver o pôr-do-sol detrás da montanha se não escalá-la?

27 de janeiro de 2012

O Coração da Fênix IV



Ainda desnorteada, sai andando sem rumo na noite escura... Mas acontece que eu andava, andava e sempre voltava ao centro! Estava perdida.
Então ouvi um choro, e decidi segui-lo. Acabei encontrando uma garotinha, de pele branca e cabelos negros, sentada numa árvore caída. Ela estava vestida de branco e como estava de costas pra mim, resolvi falar-lhe já que estava muito escuro e tarde para que uma criança estivesse na floresta sozinha.
Perguntei-la:
- Olá, o que uma pequena garotinha como você faz nessa floresta escura, tarde da noite?

A garota virou a cabeça, e eu acabei levando um susto, ela tinha um aspecto tenebroso, seus olhos eram dois buracos negros e seu rosto estava todo dilacerado, costurado como o de uma boneca de filmes de terror. Ela parecia me olhar e me disse com uma voz doce e aguda:

- Eu vim te matar...

Assustada, eu não tive reação e comecei a rir, dizendo que era brincadeira e uma alucinação tudo aquilo, mas os olhos da garota logo se acenderam em chamas e sua voz alterada me disse:

-         Não zombe de mim!
Logo percebi que realmente era verdade, mas então curiosa perguntei:
-         Mas por que você quer me matar? Qual o seu nome? Quem é você?
E ela me disse:
     -      Eu sou aquela que vive na noite, em busca de um corpo para alojar sua alma. Eu sou aquela que teme a vida mas não a morte, eu sou aquela que é destinada a ser a rainha dos condenados a pagar por seus pecados, mas morri muito cedo.. Por minhas próprias mãos, ao saber dessa minha triste sina.. E pra me livrar dela eu tenho que matar, aquele cujo coração bate no ritmo da lapidação do diamante negro... Essa é a sina que carrego... Sou um anjo negro à procura da salvação.. Prazer, meu nome é Lisi.
Então, assustada eu juntei tudo...
A Fênix apenas queria me proteger, proteger a única pessoa capaz de vencer a maldição daquela cidade, aquela cujo poder destruiria o causador de tantos desastres, mas uma coisa não estava certa, Lisi não era aquela pessoa. Ela apenas queria a sua libertação, e não ser a rainha dos condenados...
Então mais uma vez perguntei-a:
-         Sei que não é você que destruirá todo o mundo, e a quem devo derrotar, mas então quem é? Quem abriu aquela fenda no Carvalho? Quem? Responda-me!?!
A garota então, apagou as chamas dos olhos e pareceu assustada, quando perguntei sobre o Carvalho.. Então ela simplesmente disse-me:
-         Fuja! Fuja enquanto pode! Ele é forte demais, ele toma conta de mim.. Fuja! Fuja! Saia daqui. Não entre no Carvalho ou ele te possuirá também! Fuja LILITH!
Eu fiquei sem reação quando ela disse que meu nome era LILITH.. Como ela sabia? Na verdade, todos me chamavam de Lily, já que eu nunca gostei do meu nome... Então, agora entendia, a garotinha, na verdade não se chamava Lisi, e sim, Lilith (a população religiosa havia mudado seu nome para não pronunciar uma adoração à esposa de Lúcifer), quem quer que fosse, confundiu-a comigo! Mas porque teria possuído-a? Por que a teria feito pular da janela? Será que a alma dela não descansaria enquanto eu não me salvasse?
Todas aquelas perguntas me assustavam, e a pequena garotinha ficou lá parada com uma expressão de desespero. E tentando acalma-la disse:
-         Calma! Eu não tenho medo de morrer... Qualquer que seja a maneira.
-         Não! Você não entende! Não é ele que te mata, mas ele te possui, e faz com que você faça o que ele quer. Eu sei disso porque eu matei meus pais, e eu me joguei da janela, quando percebi, estava na frente dele, e ele disse que não era a mim que queria. E que se eu quisesse me salvar, teria que encontrar a Fênix em corpo de mulher. Aquela cujo coração é a chave de todos os mistérios. E eu teria que matar a sua alma e entrar em teu corpo, levando-te aos aposentos do meu...mestre.
Ao terminar de me dizer isto, ela simplesmente desapareceu.
E eu continuei sem entender o que se passava.  Pareceu-me que dias se passaram e eu ainda naquela floresta, vagando sem rumo, o frio já congelava minha face, e eu ouvia vozes que gritavam por meu nome mas a minha voz não saía, eu gritava mas o som permanecia calado. Por que tudo tinha de acontecer comigo? Tudo bem que minha vida nunca fora das mais normais. Entretanto não precisava ser tão exageradamente estranha assim! Tudo começava a se encaixar ao mesmo tempo em que eu me sentia mais perdida, sozinha e desamparada em toda esta história. E agora, o que poderia fazer? Na negra floresta, cercada de demônios, fantasmas, perturbações místicas e minha própria mente me dizendo que não poderia acreditar em tudo aquilo, que seria apenas um sonho.
E se for realmente um sonho, acho que já passou da hora de acordar...


Depois de um tempão prometendo postar a continuação do conto, enfim o post!
Comentários são bem-vindos!

26 de janeiro de 2012

Ajude a Lessie!

Olá meus queridos!
Hoje vim aqui não para postar um texto, vídeo ou qualquer outra coisa. Vim para postar um apelo a vocês... 
Estou cursando Medicina Veterinária na UFRRJ e na minha turma algumas colegas montaram um grupo de auxílio aos animais doentes. Elas recolhem esses animais das ruas, prestam auxílio médico no hospital da universidade (que é pago) e a conta é quitada através de docinhos que elas vendem a cerca de R$0,50 e R$1,00. Pois bem, no período de férias o grupo Docinho Solidário não vende docinhos, mas continua fazendo seu trabalho, e o paciente da vez é a Lessie, uma cachorrinha que teve um tumor e precisou passar por uma cirurgia nesta última quarta-feira (25/01/12). Acontece que como não estão vendendo docinhos a dívida ainda está no hospital e elas pedem depósitos bancários em qualquer quantia para ajudar a Lessie. Estou aqui divulgando para o caso de alguma boa alma se comover com a história da Lessie e ajudá-la. Bem, o link para que conheçam melhor este trabalho é Docinho Solidário...

Obrigada!

13 de janeiro de 2012

Amor, deserto e tempestade...

Hoje é a primeira postagem do ano! Não preparei nada em especial... Nenhum texto grandioso, nenhum poema trabalhado cuidadosamente, apenas a esperança de que sonhos se realizem, e que eu tenha força e coragem suficientes para torná-los assim.
Hoje deixo um texto que saiu tão naturalmente de mim, que fiz o favor de não alterar uma palavra sequer... Apresento-lhes: Amor, deserto e tempestade.


Às vezes fico pensando: o que faz um amor se apagar?
Por que um sentimento parece simplesmente deixar de existir de um dia pro outro como se nunca houvesse existido? Como uma tempestade de areia que apenas passa devastando tudo pela frente, mas tudo volta a ser apenas areia, vento, céu e solidão. Vazio... Nada.
É assim que vejo a tempestade devastadora de uma paixão. Dizem que paixão e amor são duas coisas totalmente distintas, e até penso ser assim, mas quando se trata de sentimentos, não pensamos em detalhes e culpamos o amor.
Então talvez um amor não vire simplesmente poeira assim, talvez. Será que ele vai se desvanecendo aos pouquinhos, pedaço por pedaço, assim como a morte de uma grande árvore? Começa pelas folhas aparentemente, é quando a beleza do sentimento que antes havia, passa a não mais existir... E aí a árvore totalmente seca apenas com seus galhos longos e retorcidos vai se deixando levar, até que numa tempestade é levada pelo vento. Tomba no chão. E é o fim. Isso poderia explicar o fato de muitas vezes as lembranças nos atormentarem e demorarmos para chegar ao esquecimento, pois a chuva pode ter levado apenas parte da árvore. Algumas vezes as raízes podem persistir. E ficamos na esperança dela crescer totalmente, mas é como se parasitas atacassem as raízes também, então, nada nos resta. É hora de arrancar tudo, e tentar recuperar o solo. A madeira caída não serve para mais nada além de virar pó... Deserto.
Amor, deserto e tempestade. Três coisas tão distintas, mas que para mim possuem ligações tão metafóricas quanto reais.
Às vezes penso que poderíamos planejar quando nos apaixonaríamos, contudo essa coisa de amor, questionamentos, dúvidas e arrependimentos não teria a menor graça... E se fosse assim, não existiria tudo isso escrito aqui. Não é mesmo?