"Minha mente está cheia e eu estou transbordando" [Ira!]
"Acho que mais me imagino do que sou, ou o que sou não cabe no que consigo ser." [Ferreira Gullar]
"Quem fala em flor não diz tudo. Quem fala em dor diz demais. O poeta se torna mudo sem as palavras reais." [Ferreira Gullar]


- Não importa se é sem sentido, não importa se é sem significado. O importante é que escrevo e assim alivio. Seja bem-vindo ao meu mundo e voe por meus versos! Dê os devidos créditos e assim terá um mundo inteiro de palavras onde viver. Esse é meu mundo e se quiser fazer parte dele é só me seguir...

12 de setembro de 2012

Olhos de amêndoa e pele de lua cheia



Mais uma noite em que ele se via perante o seu desejo. Ela era especialmente linda, com seus cabelos negros e lisos, aquele olhar intrigante e um sorriso fácil. Os olhos amendoados e que pareciam lhe dizer: “fique pra sempre”. Ele não a amava de fato, mas amava ter o corpo junto do dela, e as carícias que ela lhe fazia, os beijos quentes e as mãos macias e que lhe buscavam. A pele dela era morena e macia, mas rígida ao toque, e ela sempre ria quando ele lhe apertava os ombros. Eles se desejavam de um jeito único, só deles, mas de um jeito que muitos já imaginavam e talvez já o tivessem feito. Ela esperava pelas carícias e quando começava, ficava parada esperando por mais. E ele esperava mais ação, mas tudo bem, porque ela lhe acendia desejos ardentes e lhe queria além dos lençóis.

Em sua mente, quando terminavam e se perdiam em delírios de gozo, vinha uma sombra com tênues linhas. À medida que ia imaginando, a imagem se concretizava e surgia frente a teus olhos da mente, a dama de seus sonhos. Ela era linda, além do que as palavras poderiam dizer. Tinha os cabelos mais longos que já vira, negros e perfeitamente cacheados que lhe chegavam abaixo da cintura. Ela tinha uma pele tão branca quanto a lua em sua noite de esplendor, e era tão macia quanto o toque no veludo. Seus olhos eram pequenos e puxados, com sobrancelhas marcantes que davam um toque de olhar profundo e que parecia dizer: “não deixarei você ir”. Suas carícias eram regadas de paixão e ao mesmo tempo, carinho. Seus beijos lhe percorriam o corpo com curiosidade e também como se já soubessem de cada canto, como tocar, e como molhar a pele dele. Ela parecia conhecer a forma exata de deixá-lo completamente em êxtase puro, e o fazia de uma forma sutil e marcante também. Porque ela lhe tocava com vontade, e queria dar prazer ao amado, e parecia que isso lhe dava prazer da mesma forma. E porque ela ficava presa nos olhos de seu querido, como a caça fica presa aos olhos de seu caçador, mas ali não era relação de presa e predador, era só uma relação afetuosa de dois amantes buscando sentir algo pleno. Fundir dois corpos num só e ao mesmo tempo não deixarem os seus próprios corpos, pelo contrário, sentir cada sensação, cada toque, cada beijo quente e molhado.
De olhos fechados ele desejava lá no fundo da alma, que fosse ela quando ele os abrisse. Ele desejava que fosse a dama de seus sonhos que estivesse envolta em seus braços naquela cama, por baixo dos lençóis frios. E que fosse ela que o acordaria com beijos doces e sorrisos únicos.

E quando os abriu, não era a dama de seus sonhos, mas sim a mulher de seus desejos. E novas carícias quentes começariam, com palavras sussurradas ao pé do ouvido. E com ele sendo mais ativo, mais quente e envolvente a cada beijo. Chegavam ao êxtase e tomavam um banho, preparavam alguma coisa, comiam e dormiam novamente abraçados. E ele sonhando com a dama de seus sonhos, esperando o dia em que a veria e a teria de novo. Esperando o dia em que pudesse se perder naquele seio, naqueles beijos que se encaixavam com os seus, naquele olhar que agora lhe perturbava um pouco por estarem tão distantes. E se sentia mal também, por não ser ela ali, mas por gostar da mulher de seus desejos. Gostava de tê-la como amante e de como ela o queria. Mas ela pedia e sussurrava dizendo ‘fique comigo’ enquanto a dama de seus sonhos o prendia livremente e o beijava dizendo ‘não o deixarei partir’. A mulher de seus desejos o tocava segurando-o como se tivesse medo dele levantar daquela cama e sair, enquanto a mulher de seus sonhos o acariciava deixando-o livre para acariciá-la também, sem segurá-lo, sem prendê-lo, porque parecia saber que ele já estava ali junto dela e que não iria assim sem mais nem menos. Ele queria era aqueles lençóis com cachos e pele de lua cheia. Mas não conseguia se desligar dos olhos de amêndoas e risos fáceis. A escolha era difícil e embora quisesse deixar as coisas como estavam, queria alguém para dividir o chocolate quente e o cobertor na frente da lareira. E seria com a alma aventureira que partilhava das mesmas vontades. A dama de seus sonhos linda e única. Macia, e com pele de lua cheia.


Laura Ribeiro

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