"Minha mente está cheia e eu estou transbordando" [Ira!]
"Acho que mais me imagino do que sou, ou o que sou não cabe no que consigo ser." [Ferreira Gullar]
"Quem fala em flor não diz tudo. Quem fala em dor diz demais. O poeta se torna mudo sem as palavras reais." [Ferreira Gullar]


- Não importa se é sem sentido, não importa se é sem significado. O importante é que escrevo e assim alivio. Seja bem-vindo ao meu mundo e voe por meus versos! Dê os devidos créditos e assim terá um mundo inteiro de palavras onde viver. Esse é meu mundo e se quiser fazer parte dele é só me seguir...

15 de julho de 2010

Olhos de Puro Encanto

Um conto que escrevi quando andava à procura de um certo lugar... 




Ela estava caminhando a esmo com o coração nas mãos. Tivera de remendá-lo tantas e tantas vezes que não sabia se aguentaria uma nova decepção, temia entregá-lo a alguém que não o soubesse compreender...
Chegando a um ponto da estrada, a garota se deparou com um nobre cavalheiro de negras vestes e longos cabelos. Trazia nas mãos um pergaminho tão delicado quanto o coração da bela ninfa. Recostado a uma majestosa árvore, o mancebo mantinha o semblante tão sereno, mas seu olhar... Ah! Seu olhar mantinha-se diretamente ligado ao da jovem. Parecia querer hipnotizá-la e, no entanto, era ele quem não conseguia deixar aqueles outros olhos tão misteriosos, tão cândidos e únicos... Tão puros como a noite e tão belos quanto. Aquele par de olhos tão angelicais, tão inocentes e ao mesmo tempo tão fervorosos, tão... Tentadores. Ao querer prender a doce menina em seus encantos, o rapaz não pôde perceber que era ele quem estava se aprisionando em um mundo de sonhos e fantasias. Era ele quem estava sendo levado pela graça daquela donzela tão fascinante como jamais havia visto.
A noite já se aproximava e ambos permaneciam ligados naquele momento tão mágico. Parecia que naqueles olhares escondiam-se sonhos e contos dos mais ilusórios, e que naquele momento realizavam-se apenas por se encontrarem em olhares distintos que mantinham as mesmas fantasias.
A Lua tão alva aparecia para brindar aquele momento com a beleza mais terna, tornando o olhar da jovem cada vez mais penetrante e encantador.
Na mente da bela ninfa nada mais se passava além do desejo de saber o que poderia encontrar nos pensamentos do belo rapaz à sua frente e o que aquele misterioso olhar estava a lhe dizer. Ela nem se lembrava mais do que estava a fazer por aqueles caminhos, apenas queria desvendar o enigma que trazia aquele pergaminho que ele mantinha tão seguro entre as pálidas mãos.
Já ele... Ah! Ele permanecia imóvel, desejando que aquele doce instante se fizesse eterno, ou que sua mente pudesse ao menos captar e congelar aquele olhar que estava a lhe entorpecer. Desejava que aquele doce olhar pudesse lhe passar tamanha confiança que lhe permitisse se aproximar. Mais do que isso... Desejava pegar nas próprias mãos aquele coraçãozinho tão ferido e cuidá-lo com tamanho esmero sentido pela bela ninfa. Apenas precisava ter certeza de que aqueles olhos estavam a lhe dizer isso. Só precisava saber se poderia confiar a ela sua própria alma. Ele só queria poder confiar naqueles doces olhos que tanto o encantava.
Perdida nos próprios pensamentos, envolta num mar de dúvidas e anseios, a bela ninfa desejava se aproximar. Entretanto, temia que o cavalheiro lhe roubasse o coração apenas para feri-lo mais. Queria tanto ler naqueles olhos algo que lhe inspirasse também confiança, algo que lhe oferecesse um abrigo seguro, algo mais como um refúgio onde pudesse guardar os próprios sentimentos. Queria tanto decifrar aquele doce mistério e quanto mais se aprofundava naquele encanto, apertava mais o coração contra o peito, como para protegê-lo bem. Não queria entregá-lo de novo. Não queria ter de remendá-lo outra vez. Juntar os pedacinhos, feito cacos de vidro, despedaçados pela dor e pelo desprezo... Apenas não queria que aquele olhar pelo qual se encantara, pudesse ser o responsável por uma futura desventura, que fizesse o seu próprio olhar tornar-se triste e amargurado. E mesmo que quisesse desvendar aquele mistério, a jovem ainda não tinha forças o suficiente para encarar o medo de novamente sofrer por alguém. Talvez fosse por isso mesmo que ela desejava no mais íntimo de seu ser que ele fosse diferente de todo o resto, que ao menos pudesse fazê-la sorrir.
Desejo tão inocente esse, fruto de uma alma tão cândida que o cavalheiro temia encontrar. Talvez por não saber como lidar com alguém tão delicado aparentemente - mas que ao mesmo tempo mostrava-se tão forte e decidido -, quanto à jovem que estava a observar. Medo e fantasia pairavam sobre a mente do rapaz. Pois, ao mesmo tempo em que temia (e que não queria) apaixonar-se pela bela ninfa, ele simplesmente não conseguia desprender-se daquele par de olhos que só ela sabia ter. Olhar esse que nunca encontrara em nenhum outro ser, e talvez por este real motivo que o tenha levado a se encantar por ela. Fato que não acontecia há tempos, pelo menos com tamanha intensidade assim. Sempre fora ele quem fazia uso dos próprios encantos para fazer alguma dama apaixonar-se. E, no entanto, agora era ele quem não sabia lidar com os encantos alheios, como se fosse alguma magia da qual desconhecia o poder e por isso estivesse vulnerável e submisso a ela. Talvez por ter aprendido apenas a lidar com paixões das mais escaldantes e livrar-se de sentimentos assim... Tão intensos, mas tão passageiros quanto. Talvez fosse por isso que ele não sabia como lidar com um sentimento tão puro como o que estava a surgir naquele momento. Apenas não sabia o que fazer...
E do alto do céu, além das nuvens, os anjos sopravam carícias ao vento para que este as levasse ao belo casal... E envolvidos por aquele momento tão puro, os mesmos anjos diziam lindas palavras, uns pareciam cantar belas canções, ou recitar os mais apaixonados sonetos compostos pelo próprio Eros, deus do Amor. Porque talvez fosse mesmo único aquele instante, em que dois seres de almas tão diferentes, mas com as mesmas fantasias e ilusões, encontravam-se em meio a um cenário de maravilhas, no qual, tinham a oportunidade de viver uma das mais belas histórias de amor, que nem mesmo o mais talentoso dos poetas pudesse descrever.

Laura Ribeiro,
11 de julho de 2010.

3 comentários:

  1. [Chorando ao escrever esse comentário]
    Seu texto ficou tão doce e ao mesmo tempo tão intenso,
    Tão puro e ao mesmo tempo tão avasalador...
    Mais que perfeito!!!
    Podes cre que eu sempre estarei aqui...
    Você tem um dom menina...
    Parabéns!!!




    ;*

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  2. um dos melhores textos que já li,super profundo. parabéns!adorei seu blog,estou te seguindo. beijinhos..

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  3. http://docetortura.blogspot.com/
    Se existir um blog mais apaixonante, mais lindo e mais PERFEITO que esse, me informe !
    Meu Deus, como Julyana disse, você tem um dom.
    E é inesplicável como suas palavras são realmente perfeitas.

    Eu me orgulho de você, juro.
    Quando crescer, quero escrever coisas perfeitas assim como você escreve *-*

    Áh, e mesmo não comentando tanto quanto antes, continuo lendo e recomendando seu blog sempre!

    Beijinhos da [Filha do Meio]

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